A finalidade do texto é definir o conceito do “Bom Professor”, bem
como suas origens e métodos. Há muito tempo tem-se procurado essa definição,
utilizando diversos métodos de ensino na tentativa de solucionar o problema da
falha na transmissão do conhecimento, que na verdade, não se resolveria sem
essas investidas. Há uma hipótese confirmada de que o professor em sala
de aula, é o principal agente da localização, instrução e transmissão do
conhecimento, seja qual for o currículo a ser seguido. E, que fatores como
regionalismo, cultura, experiência de vida, formação didática dentre outros
menos relevantes têm implicação na forma como ele atua em sala de aula. Neste
sentido, são esses fatores que garantem se a sua atuação será ou não
satisfatória chegando ao ponto do aluno(a) atingir o seu aproveitamento pleno
sem que haja perda de qualidade do ensino e, efetivação da aprendizagem.
Estudos
comprovam ainda que até mesmo o ambiente de onde se originou a pessoa do
professor, tem influência direta em seu comportamento e tolerância em sala de
aula, bem como, o interesse não-financeiro do docente. Entende-se como
não-financeiro, o interesse em transmitir o conhecimento ao aluno, ainda que o
retorno financeiro não seja pertinente à função ou, até mesmo, insuficiente de
acordo com sua formação. Esse ponto deve ser observado com muito cuidado, para
que o docente não acabe por ser condenado sem que todos os fatores sejam
incisivamente analisados.
Assim como Rubem Alves, penso que "não sei se o bom professor é
aquele que tem uma coleção de diplomas..." As vezes penso que ele vai se
formando nas suas vivências, e que esse modelo de como deve atuar com as
pessoas, vem de sua formação primária, na família. É certo de que precisa de
uma formação, de um "capital cultural" para transmitir aos seus
alunos muito mais do que uma disciplina ou outra. O bom professor nasce da
necessidade, interesse, ou até mesmo vocação, sendo que essa última, atualmente
quase está em desuso.
Ao
analisar os docentes em seus diversos níveis, percebo que em determinados
momentos, a individualidade do profissional chega ao nível de perda total do
coletivismo, até mesmo entre eles próprios, professores -, a sala dos
professores é o melhor exemplo disso. Essa falta de troca pode levá-los a
falharem em suas didáticas, não por vontade própria, mas, pela sua própria
história de vida, pela forma que leva a vida. Parece que essa postura
fica latente dentro de si e repercute no seu ensinar, na sua relação com os
alunos.
As
pesquisas também comprovam que essa falta de interação ocorre principalmente
em pessoas que têm um histórico de dificuldades ou naqueles que não adquiriram
certos valores morais que o tornem membro importante de um todo. Dessa forma,
se tornam profissionais automatizados, comandados, que seguem apenas o sistema
e pacotes prontos e, no final tem o salário como recompensa pela árdua
tarefa. Dessa forma, o docente se vê “obrigado” a levar o conhecimento
dentro de um ritmo imposto ou até mesmo pouco didático, pelo simples fato de
que, se estiver atuando da forma como lhe foi previamente definido, terá seu
ganho garantido. O discurso desse professor é sempre o mesmo -,
reclamam de seus alunos, das regras, dos colegas... Só pensam em seus
direitos. São profissionais que visam apenas o ganho financeiro mais que o
de ampliar os fatores relacionais e afetivos implicados no processo de
aprendizagem de cada aluno, sujeito único, que muitas vezes está ali buscando a
felicidade que não tem em casa; vem buscar a esperança de poder sonhar.
Quero chamar a atenção desse profissional para o aspecto humano, principal influência
da formação pessoal, bem como, o principal pré-requisito para quem quer
ser um profissional da educação, principalmente, um professor.
Há
comprovações de que o docente recebeu influências de seus professores, e,
o seu interesse em contribuir com o conhecimento de seu aluno, pode
levá-lo também a querer se espelhar nele e ser tal como ele é. Neste sentido, a
postura do professor em sala de aula pode selar de vez o destino desse aluno,
até mesmo, a continuidade aos estudos ou não. Esse aspecto pode ser
determinante até mesmo para a formação pessoal do futuro “bom professor”.
O bom professor desperta o interesse nos alunos, utilizando a participação e
incitando-os para que o façam da mesma forma entre eles mesmos; faz com que o
conhecimento seja assimilado de forma mais clara e efetiva, tornando-o apto a
realizar essa mesma tarefa com habilidade, eficácia e alegria.
Acredito que o professor de formação, que carregue com ele bagagem
"capital cultural" é capaz de fazer qualquer aluno aprender
e ainda é capaz de potencializar seus alunos, pois, consegue mobilizá-los;
transformá-los e, ainda mais, plantar nele o desejo de conhecer mais e mais. O
bom professor é a principal atração da sala de aula e, determina o envolvimento
do grupo, o prazer em adquirir novos conhecimentos.
A
aptidão para ensinar não depende apenas de bons métodos, didáticas ou diplomas
disso ou daquilo. Há inúmeros fatores que fazem do professor um profissional de
qualidade -, o bom professor explica, demonstra, inspira e encanta o seu aluno.
Não há receita específica para se tornar um bom professor, no entanto,
os aspectos e pontos de vista explanados podem esclarecer detalhes importantes que
não podem ser desconsiderados. A escola deve definir e buscar uma forma mais
eficiente de atuação do docente não apenas em sala de aula, mas, que na sala de
aula ele seja agente do conhecimento e da alegria. Acredito que essa postura, pode fazer a diferença e, evitar, a evasão
escolar de um grande número de crianças já na passagem do 5o. para o 6o. ano (isso é também estatístico) por não acharem a escola um espaço agradável.
Finalmente, o currículo pedagógico, deve obedecer o regionalismo, a cultura,
formação didática e, experiência de vida tanto dos alunos quanto dos docentes
para que o ensino e a aprendizagem se torne eficaz e não flua para a dispersão
do conhecimento, ao invés de acumulá-lo. A proposta não é inalcançável, mas,
está e sempre esteve frente aos órgãos responsáveis pela Educação (Direito de
Todos), que talvez por comodidade em sobreposição à prática, ficou recessiva em
meio a currículos, métodos, e práticas ultrapassadas e engessadas que não
possuem utilidade prática no contexto geral do aluno de hoje.
O
professor precisa resgatar o respeito, a confiança de seus alunos, pais, pois,
assim como já alertou Rubem Alves, "se o professor não acordar, a
profissão de professor vai se tornar "descartável" , vai se extinguir assim como a dos
caixeiros viajantes".
Maria
Teixeira
m.teixeira@uol.com.br