O Objetivo do Blog

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Psicopedagogia - O que é?

   A psicopedagogia é da área de conhecimento da linguagem que se dedica exclusivamente ao estudo do processo de ensino-aprendizagem, - como o sujeito aprende ou porque não aprende.  
    A psicopedagogia vem se definindo como intervenção no campo da aprendizagem, tratando das condições de aquisição e produção do conhecimento por parte do sujeito, e das condições de transmissão por parte dos professores. 
  A intervenção psicopedagógica diz respeito à relação ensino-aprendizagem que ocorre na relação professor-aluno, mediada pela transmissão de conhecimentos historicamente produzidos e socialmente reconhecidos. É, portanto, uma intervenção educacional, e mais que isso, a forma através da qual a educação se realiza. O mais provocativo na intervenção psicopedagógica tem sido o que se convencionou chamar de “problemas de aprendizagem”. Quanto a isto, a intervenção psicopedagógica se encontra imersa numa gama de questões importantes de serem tratadas, pois, elas expressam a forma como a educação vem ocorrendo, o lugar que ocupa no discurso social, e como se produz enquanto discurso social. 

. Em que condições se dará a intervenção psicopedagógica?
   Quando a Escola, e a família identificarem manifestações no processo de aprendizagem da criança. As queixas são de "Dificuldade de Aprendizagem". Os sintomas se apresentam como: comportamento irregular, desorganização, mau humor, agressividade, desinteresse, etc...  No momento da alfabetização o "olhar" e "escuta" da professora é fundamental!

.Como identificar a dificuldade e encaminhar para uma avaliação de um especialista? 
Os problemas mais comuns no processo de aprendizagem de Leitura e Escrita
   . Se ao pronunciar as palavras a criança não posiciona a língua corretamente; (fonoaudióloga(o)
    . Faz trocas sistemáticas na leitura e escrita; (Psicopedagoga (o)
    . Aproxima muito o texto;  (oftalmologista)
   .  Demora para copiar, realizar tarefas; (psicopedagoga(o)
   . Demora para responder aos comandos;  (psicopedagoga(o)
   . Fala infantilizada; (psicopedagoga(o) ou fonoaudióloga(o))
   . Comportamento irregular; (psicopedagoga (o)
   . Parece não apreender a informação;   (psicopedagoga (o)
   . Não acompanha o grupo;   (psicopedagoga(o)
   . Agressividade;   (psicopedagoga(o)
   . Resistente às regras e normas (Psicopedagoga(o)
* ATENÇÃO: Essas questões são da área da linguagem: Psicopedagoga(o) ou Fonoaudióloga(o) e, não da área médica!  
DICA: O "olhar" e "escuta" da professora alfabetizadora é fundamental, pois se a criança permanece por um longo período neste lugar,  o seu rendimento escolar será insatisfatório e haverá consequências de outra ordem, como, baixa auto-estima, agressividade, tristeza profunda, etc...o que leva a escola e a família, indevidamente, encaminhá-la(o) para psicólogos, neuropsicólogos...

* As questões da ordem da linguagem (educacionais) devem ser avaliadas pelos profissionais da área da linguagem...


  O processo de Aprendizagem e as queixas mais freqüentes....
Algumas crianças e jovens, em certos momentos de suas vidas, sofrem muito na Escola. Outras,  já no primeiro dia.  Há os que iniciam bem a vida escolar, mas, depois de algum tempo passam a apresentar  manisfestações no seu processo de aprendizagem. Então, a Escola passa a ser vista como a causadora da  sua infelicidade e, passa a detestá-la. Nesses casos, precisam do "olhar atento" e, uma "escuta apurada" dos professores alfabetizadores, bem como, dos pais ou responsável. Neste sentido, a compreensão e atenção dos pais e da professora são fundamentais para identificar as dificuldades mais frequentes no processo de aprendizagem de seu filho(a), aluno(a).  
 Se  um sujeito está  com  dificuldades  no seu processo de aprendizagem, certamente tem um bom motivo para isso!.  As vezes o que vemos é apenas o “sintoma”.  Muitas vezes, a  professora e a família não sabem nomear essa insatisfação  e nem mesmo, identificar as causas dos sintomas que se manifestam na aprendizagem e, no comportamento de uma criança, por isso, faz-se necessário uma avaliação da(o) psicopedagoga(o) porque essas manifestações exigem a intervenção de um especialistas da área da linguagem. Há casos em que a(o) psicopedagoga(o) e a (o)  fonoaudióloga(o) atuam juntos.   
  A (o) Psicopedagoga (o) atua com a certeza de que há o sujeito epistêmico (aquele que apreende a informação) e o desejante. Entre outras coisas, escutar o que a criança tem a dizer sobre o seu desejo é o que nos leva a entender os sintomas apresentados na sua aprendizagem ou comportamento. Pois,  é o encontro entre o que foi ensinado ou o que se quer ensinar e a subjetividade de cada um que torna possível o pensamento renovado, a criação, a elaboração, a aquisição de novos conhecimentos e, a habilidade nas relações interpessoais.
  O Atendimento Psicopedagógico objetiva dar assistência ao sujeito que se encontra impedido no seu processo de aprendizagem. E tem por objetivo despertá-lo para as aprendizagens, operacionalizando mudanças que ampliem a sua visão de mundo, sua auto-estima, sua auto-imagem, despertando nesse, a satisfação em adquirir novos conhecimentos e, possibilitando seu crescimento pessoal e, o exercício consciente de sua cidadania.

Maria Teixeira

www.psicopedagogamariateixeira.com.br               

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A criança e a compreensão das possibilidades de construção do novo.

         Ao examinar a trajetória pela linguagem que a criança faz ao longo da infância, muito se ganha em relação à compreensão das possibilidades de construção do novo que um adulto pode vir a experimentar através de seus esforços sistemáticos. Em especial, observando a subversão da linguagem que as crianças fazem no frescor de sua enunciação que se produz de acordo com a lógica daquele para quem o sistema lingüístico não está ainda plenamente constituído. Podemos compreender que as palavras são velhas apenas na medida em que nós, os falantes adultos supõem que o signo lingüístico não se decompõe.
    Ao contrário do que acontece com o adulto, as crianças pequenas mantêm uma relação bastante diferenciada com os signos (palavras), pois, geralmente desmontam-nos para criar outros significantes, no que se refere à criação do novo, pois, ela não é prisioneira como o adulto dos significados que, vão se cristalizando ao longo de sua história. 
    Posso citar para evidenciar o exemplo, o jogo de compor e decompor. Nesse tipo de jogo os signos lingüísticos costumam gerar muito prazer àquelas crianças cujas idades estão compreendidas mais ou menos entre 04 e 10 anos, fato este que se torna visível, observando, por exemplo, as adivinhas que não cansam de repetir e, com as quais costumam se divertir entre si. Dentre um enorme conjunto deste tipo de brincadeira que circula entre elas, destaco uma que, por envolver uma complexa operação baseada na decomposição de um significante isolado de seu significado mais habitual, por exemplo, o adulto pode perguntar para a criança:
Qual é o contrário de oitenta? 
Resposta: - É tchau, desiste!

ou ainda,  na adivinhação, 

- Qual é o cavalo que mais gosta de tomar banho? 
Resposta:  - O cavalo-marinho

    A facilidade que os pequenos têm para memorizar e fazer circular este tipo especial de enigma aponta para o fato de que, confrontadas com cada signo novo (palavra), as crianças têm condições de perceber que, ao se tratar de linguagem, há muito mais do que querem que ela entenda. Como, para elas, os sentidos compartilhados numa dada comunidade lingüística ainda não são cristalizados, têm maior facilidade para depreender aquilo que Foucault (1989) chama de "o gramatical puro", podendo, portanto, deixar com que as palavras atravessem-nas de forma diferenciada. Esta permeabilidade dos pequenos à mobilidade da linguagem é o que faz com que, em sua boca, palavras gastas pelo adulto, possam comparecer de modo, no mínimo, bem mais livre, dando-lhe novo significado.  Por este motivo, alguns autores defendem que a criança reinventa a sua linguagem e supera a ingenuidade do adulto tirando proveito de sua própria ignorância quando esse não entende essa versatilidade da criança em formação.   
     Emília Ferrero, psicóloga e pesquisadora argentina, nos mostra que a criança em fase de alfabetização elabora uma série de hipóteses trabalhadas através da construção de princípios organizadores, resultados não só de vivências externas, mas, também por um processo interno. Mostra também como a criança assimila as informações disponíveis e como interpreta textos escritos antes de compreender a relação entre as letras e os sons da linguagem - na obra – “Alfabetização em Processo”.   
    Neste sentido, as crianças em formação criam seus próprios significados a cada léxico novo que lhe é apresentado. Tudo para elas tem um significado diferente, de um jeito diferente de se ver. E, essa forma é “desconexa” ao mundo do adulto, ou seja, não tem nada a ver com o modo como o adulto entende.  
     A lógica da criança é diferente da do adulto. Ela tem outra maneira de entender o mundo, outra maneira de habitar a realidade. Mas, a criança pode nos revelar muitas coisas que não conseguimos ver, simplesmente, porque elas não escolhem as palavras como os adultos e, não pensa no seu significado da mesma forma que o adulto.
    Nós adultos somos complacentes quando falamos com as crianças devia ser o contrário. Apesar de não conseguirmos adentrar nesse mundo particular dela, só conseguiremos penetrar de forma, ainda, rudimentar, se nos abaixarmos e ficarmos na altura delas. Estar à altura da criança  é se inclinar para olhar nos seus olhos, ou seja, ficar cara a cara com elas;  escutar suas dúvidas, entender suas brincadeiras, seus medos e seus desejos. 

Maria Teixeira
www.psicopedagogamariateixeira.com.br

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Qual é a dificuldade dos alunos em ter o hábito de ler?

     O processo de ensino e aprendizagem da leitura é sem dúvida, muito instigante e desafiador, tanto para o aluno como para o professor.
Adquirir a habilidade de ler significa, sobretudo, a condição de compreender um mundo que vai se mostrando cada vez maior e mais surpreendente. São nessas descobertas que alguns alunos apresentam mais dificuldades do que os outros.
Ao longo de minha carreira, escuto queixas de pais, professores da falta de  interesse das crianças por leituras. E, há necessidade da leitura no processo de ensino e aprendizagem.
A maioria dos alunos ainda não têm consciência da importância, da necessidade da leitura em seu processo de aprendizagem, isto é, na maioria das vezes lêem por obrigação ou somente o que lhes é determinado, sem dar à leitura seu valor real, sem perceber a necessidade de ler; ler para buscar informações, conhecimentos, para enriquecer seu vocabulário, para visualizar palavras e perceber sua ortografia…
Talvez, esse desconhecimento sobre a importância e a necessidade da leitura torne-se uma barreira no processo de desenvolvimento do aluno, uma vez que ele não a vê como algo prazeroso, não se sente motivado a ler diariamente e espontaneamente, deixando para trás chances de vivenciar ricas experiências de enriquecimento.
   O fato de não gostar de ler pode estar atrelado a falta de acesso às bibliotecas; incentivo familiar, escolar. Mas, não é só o ambiente que influencia, pois isso tem se tornado comum tanto em escolas públicas, como nas particulares, onde há uma biblioteca vasta, acesso a informática, um ambiente alfabetizador e estimulador muito mais moderno, e o problema é o mesmo, - os alunos não se interessam pela leitura.
    A leitura é necessária para a construção da cidadania, para a formação de homens livres e aptos a participar da grande obra que é a humanidade. A leitura pode nos conduzir por tempo, lugares e acontecimentos que não são os nossos. As crianças que não têm o hábito de ler, ainda não fizeram essa descoberta.
O domínio instrumental da leitura é necessário para garantir ao aluno autonomia no contato com o texto como fonte de lazer e enriquecimento.
Qual é a necessidade da leitura no ensino – aprendizagem? Por que os alunos não lêem espontaneamente? Qual é a dificuldade dos alunos em ter o hábito de ler? Como fazê-los compreender a leitura como meio de formação e informação?
A partir destes questionamentos, proponho uma discussão dos educadores sobre a importância da leitura no cotidiano de seus alunos.
   Quero lançar um olhar especial aos educadores da Escola Pública. Há uma constatação diante dos inúmeros atendimentos psicopedagógicos por mim realizados em algumas dessas escolas que a prática cotidiana tem sido ineficiente, tendo em vista o grande índice de alunos nas séries iniciais, não apresentarem conhecimentos mínimos necessários para a sua aprovação no Ensino Fundamental.
Professores alfabetizadores, esse é o seu papel.  Formar leitores faz o processo de emancipação de um país, e o ato da leitura e da escrita conduz a um processo de aprender, de conhecer, de apreender novos significados que ajuda os educandos a viverem com mais plenitude. Um dos primeiros passos nesse sentido é a oferta de uma educação que esteja próxima à realidade de cada aluno, que suscite sugestões e ações significativas para a sua vida.
    Importante se faz a construção de relações de confiança entre professor e aluno, pois são aspectos que se constituem num estimulo para que o aluno possa se perceber como cidadão e, como ser social e histórico.
 O professor alfabetizador precisa reconhecer e valorizar a diversidade cultural dos alunos, superar discriminações, trabalhar a auto-estima consciente de que poderá estar revertendo um dos mais fortes mecanismos de exclusão social, a marginalização pela negação do direito ao domínio da cultura escrita, cumprindo assim uma tarefa essencial para a promoção da cidadania.
   Toda instituição escolar tem características que lhe são peculiares, e que influenciam o comportamento de seus membros. Essa influência, tanto pode ser para a dominação como para a libertação, dependendo do nível de consciência despertado pelo processo vivido.
Tendo essa visão sobre a educação, busco compreender: Quais as implicações da não aquisição do processo de aprendizagem da leitura e, muitas vezes, da escrita nas séries iniciais?
   Diante dessa constatação, busco nos meus atendimentos identificar aspectos subjacentes à prática que são apontados como facilitadores ou não do crescimento do aluno em relação a leitura e a escrita.
     Em tempos modernos no qual a TV, o computador e a Internet são peças chaves da sociedade, a leitura não perde seu valor como necessidade social. O grande desafio da escola é mostrar a sua importância, considerando que por falta de conscientização sobre o hábito da leitura, cada vez mais, os alunos apresentam sérios problemas na organização do pensamento e da escrita. Falta-lhes o senso crítico diante da realidade e condições de fazerem escolhas pessoais para o seu futuro, o de sua comunidade e de seu país. Pois educar hoje, tem outra conotação, a de formar seres críticos e conscientes de sua função social.
   A atividade fundamental desenvolvida pela escola para a formação dos alunos é a leitura. Mas, na realidade ela não vem cumprindo bem este papel, confunde o processo de ler em um simples reconhecimento de palavras em páginas impressas, ou seja, vem trabalhando a leitura como um simples ato de decifrar códigos. Existe uma nítida separação entre os mecanismos da leitura e o pensamento, reduzindo a leitura a um ato mecânico de decifrar letras.
    A escola não tem formado leitores que levam adiante pela vida esse interesse quando muito, forma aqueles que buscam em leituras exploratórias apenas informações necessárias a finalidades imediatas. O desinteresse pela leitura tem origem na pré-escola e deve-se, em grande parte, ao tipo de literatura que é oferecido às crianças, não considerando o interesse e a faixa etária, tornando assim o primeiro contato com o livro “pouco prazeroso”.
     É comum uma criança ler um texto, pode-se dizer que até de maneira correta (pronúncia, pontuação…), mas, se for solicitada para contar ou falar sobre o texto, não sabe. Na verdade, essa criança não leu, pois ler não é decifrar, como um jogo de adivinhações o sentido de um texto.
    A falta de interesse pela leitura prova que a leitura significativa não foi ativada na infância. No momento da aprendizagem, o aluno não considerou que isso fosse valer para sua vida futura.
    A leitura é a realização do objetivo da escrita. Quem escreve, escreve para ser lido. Às vezes, ler é um processo de descoberta, como a busca do saber científico. Outras vezes requer um trabalho paciente, perseverante, desafiador, semelhante à pesquisa laboratorial.
    A leitura pode também ser superficial, sem grandes pretensões, uma atividade lúdica; ser uma atividade profundamente individual. Ao contrário da escrita, que é uma atividade de exteriorizar o pensamento, a leitura é uma atividade de assimilação de conhecimento, de interiorização, de reflexão. Por isso, a escola que não lê muito para os seus alunos e não lhes dão a oportunidade de ler, está fadada ao insucesso e não sabe aproveitar o melhor que tem para oferecer aos seus alunos.
   Observo em estudos sobre a formação de leitores no ambiente escolar, uma quantidade significativa de professores de Ensino Básico que se mostram insatisfeitos em razão do tipo de denvolvimento dos alunos com a leitura, sentindo-se, muitas vezes, sem subsídios para refletir sobre suas práticas cotidianas e, a partir daí, modificá-las.
Em primeiro lugar, constatam-se condições de desconhecimento, por parte de professores e bibliotecários, quanto à variedade e à qualidade textual de obras de literatura com as quais os alunos poderiam se envolver. Em segundo lugar, revelam-se atos de leitura decorrentes talvez dessas primeiras condições: um trabalho muitas vezes mecânico, controlador, punitivo e, por conseguinte, pouco agradável e pouco frutífero com o texto literário na escola. Estas atitudes do professor, seguida da falta de vontade dos alunos dificulta o desenvolvimento do hábito de ler.
   Ler não é simplesmente para extrair informações da escrita, decodificando-a, letra por letra, palavra por palavra, e sim para compreender o sentido da escrita.
Dessa forma, é fundamental compreender as ações que se processam na mente dos alunos quando estes estão tentando decifrar os símbolos gráficos e saber quais estratégias utilizar para auxiliá-lo no ato de ler.
   Somente o professor é capaz de oferecer alternativas de ação no sentido de uma transformação, o que possibilita a escola e aos alunos uma melhoria nas condições de aprendizagem e, o desenvolvimento do prazer pela leitura.
                                                               Maria Teixeira
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A Constituição do Sujeito

 No reino animal, o ser humano constitui a espécie que apresenta o maior grau de complexidade na escala evolutiva. Ele ocupa uma posição especial na natureza, tem sua inteligência e sua capacidade de raciocínio adquirida, faz uso da linguagem articulada e é o que nasce em maior estado de desamparo e dependência. Por causa dessa dependência, o bebê humano precisará, desde o primeiro momento de vida, de cuidado e proteção. Esses virão pela relação do bebê com um adulto, mais especificamente com a mãe, com quem será estabelecida uma importante relação afetiva. A alimentação e os cuidados com o corpo do bebê serão os elementos responsáveis pelas suas primeiras experiências de prazer e desprazer (Freud).
   Aconchegado no colo materno e levado ao seio para se alimentar, mais que saciada a fome, ele experimentará um momento pleno de satisfação que, a partir de então, tentará repetir inúmeras vezes, contudo sem jamais consegui-lo. Aquele primeiro momento único é irremediavelmente perdido é denominado por Freud de primeira experiência de satisfação.
   A privação, oriunda dessa experiência (deixar de mamar), marca-o então com falta, a incompletude e abre as portas do desejo humano. Ele tentará reviver essa primeira vivência de satisfação por meio de outros objetos de prazer. Dessa forma instaura-se a matriz do psiquismo humano, cuja evolução e desenvolvimento serão sempre marcados por percalços e vicissitudes; substituição de um objeto por outro.
    Na seqüência evolutiva do desenvolvimento psíquico da criança, alguns momentos se destacam pela importância de suas conseqüências. A capacidade de representação, adquirida com a aquisição da linguagem e do pensamento, é um desses momentos.
   A criança aprende a representar o que vê em imagens e o que ouve em palavras. A representação do que é visto é registrada em imagens; quando esses registros acontecem muito precocemente são denominados de traço mnésico, que posteriormente poderão se articular com representação de palavras.
  A possibilidade para a criança de representar psiquicamente o que vê e o que ouve lhe permitirá a conquista consecutiva da simbolização. A simbolização é a representação indireta de uma idéia, de um pensamento, de um desejo. É a aquisição dessa possibilidade que permitirá ao ser humano, entre outras coisas, lidar com a angústia por meio de representantes simbólicos que a abrandem ou dissipem. Exemplificando, se a presença materna significa amparo e proteção, sua ausência mergulha o bebê em angústia. Ele, então, inventa um representante ou substituto para sua mãe, com que lidará para aplacar sua angústia na falta dela. Winnicott, psicanalista e pediatra inglês, denomina essa primeira criação infantil de "objeto transicional". A chupeta, a ponta do dedo, a beiradinha da fronha, a dobrinha do cobertor, com as quais a criança se apega para dormir, constituem a representação simbólica da ausência da mãe.  Para que ocorra essa substituição ou troca, é feita uma passagem que implica em um deslocamento e elaboração da falta -, essa é a primeira e mais marcante frustração do sujeito.
    Adquirida essa capacidade, esses recursos sempre serão utilizados para lidar com a angústia e os conflitos psíquicos. Os sintomas neuróticos (todos temos) serão oriundos desse movimento. Nesse sentido, portanto, a neurose é uma conquista positiva, constituindo-se em uma saída na luta do conflito psíquico. O maior ou menor grau de sucesso nessas passagens será responsável pela melhor ou pior resposta do sujeito em seu comportamento e em sua relação com as pessoas e com a vida.
       O desenvolvimento psíquico e emocional do sujeito está, numa primeira etapa da vida, inteiramente vinculado ao seu desenvolvimento, físico e biológico. O corpo oferece as condições indispensáveis, por meio das necessidades básicas, para o movimento de constituição do aparelho psíquico.
    Fome, sono, sede e frio são responsáveis pelos movimentos iniciais que inauguram a primeira inter-relação que o ser humano constitui em sua vida: mãe e bebê.
    Atenta desde o início às necessidades físicas do filho cabe à mãe interpretar e socorrer os apelos infantis. Ela vai nomeando os desejos do bebê e as partes de seu corpo.
   O bebê, por sua vez, vai se descobrindo e esboçando os rudimentos da constituição de sua primeira identidade. É com intenso júbilo que, por volta dos 18 meses, ele conquista sua alteridade, se percebendo como outro, separado da sua mãe. A conquista da individuação não é tranqüila. O protótipo biológico da vida intra-uterina deixa suas marcas no recém-nascido, buscado na fantasia primordial do ser humano de um só corpo para ambos. As necessidades vitais de ambos são atendidas pelo corpo da mãe. Reeditar essa fantasia de unidade paradisíaca é criar a ilusão de completude, da não-separação.
    Cabe à mãe propiciar condições ao bebê de separar-se dela, gradativamente, constituindo-se em um outro ser, com corpo e identidade próprias.
   Nos momentos de angústia e solidão, o bebê tentará mergulhar na ilusão de unidade corporal, evitando a ameaça da separação. A mãe será responsável pela maior ou menor possibilidade de o bebê lidar com esses movimentos com menos angústia.
   Para que haja separação e individuação, o bebê precisa que a mãe mantenha com ele uma distância afetiva e tranqüilizadora, que seja ideal no sentido de nem muito perto nem muito distante. É esse espaço, que Winnicott denomina de "espaço transicional", que o bebê poderá simbolizar suas representações lidando com a angústia da ausência.
A aquisição da linguagem é também um ganho que possibilita à criança abrir mão da linguagem corporal para fazer uso de uma nova forma de comunicação. No estádio não-verbal, ainda nos primórdios da vida psíquica, o corpo é parte inseparável da constituição do psiquismo. Gradativamente, com a aquisição do pensamento, a capacidade de representação, com a linguagem e a possibilidade de simbolizar, o bebê lança mão de mecanismos de incorporação, introjeção, projeção e, finalmente, identificação. Ele consegue, então, distinguir o que é como ele e o que é diferente dele. A partir de então, psiquismo se forma e começa a se diferenciar, constituindo diferentes contextos do ser humano.
   A construção do corpo erógeno não está desvinculada da construção do corpo anatômico, uma vez que percalços em um deixam marcas no outro. Dores, doenças, distúrbios alimentares ou do sono, tropeços do corpo biológico poderão interferir nos destinos da constituição do corpo erógeno com suas fantasias subjacentes e vice-versa: angústias, pânico, inseguranças poderão levar o bebê a adoecer fisicamente. Realidade material e realidade psíquica se entrecruzam e, a partir de uma insatisfação, a realidade psíquica se forma, resultando em uma montagem simbólica e imaginária, constituída, portanto, de imagens e significantes.
  Os tropeços e obstáculos na construção do corpo provocam desvios e conseqüências posteriores. Os fenômenos psicossomáticos constituem uma parte dessas conseqüências. A renúncia à materialidade é decorrente da possibilidade de representar e simbolizar, aquisição indispensável ao desenvolvimento do psiquismo humano. A impossibilidade de descolagem da materialidade é responsável, entre outros percalços, pelo fenômeno psicossomático.
   O fenômeno psicossomático geralmente aparece  numa circunstância que mobiliza de forma excessiva as emoções do sujeito. São emoções muito fortes, como ódio, angústia, separações, perdas, que vão além da capacidade do sujeito lidar com essas situações. O adoecer é a "saída" que ele encontra como solução, assim como o sintoma neurótico é a saída encontrada pelo conflito psíquico.
     Na perspectiva psicanalítica essas manifestações psicossomáticas estão ligadas também ao psiquismo humano, real, simbólico e imaginário se articulam em sua encenação. Corpo anatômico e corpo erógeno estão aprisionados um no outro e a lesão seria o traço do real entrelaçado imaginariamente numa manifestação que poderíamos denominar de "real do corpo".
     A psicanálise tem um compromisso ético de trabalhar no sentido de desvendar os mistérios e artifícios psíquicos do fenômeno psicossomático quer no lugar particular (família) ou lugar social (escola).
                                                                                                                                                                                 Maria Teixeira
www.psicopedagogamariateixeira.com.br

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Educação e Subjetividade

     As aprendizagens, desde a leitura e a escrita, estão inscritas como trocas simbólicas que vão fazendo sentido para o sujeito no momento de suas criações, produções. Para isto um NÃO firme e consistente precisa ser introduzido desde muito cedo, um não firme e carinhoso que mostre as diferenças, as alternativas de troca para a criança, as alternativas de construção no plano simbólico daquilo que ela perde no particular do imaginário infantil e ganha no social.
  O acesso à cultura só é possível com uma certa dose de insatisfação, de trabalho por onde a cultura entra enquanto substituição, enquanto troca simbólica.  A criança deve trocar uma "coisa" por outra para ter acesso a cultura. A cultura enquanto um "Outro lugar" que não o infantil (lugar privativo). A Escola é o lugar das trocas simbólicas -, para algumas crianças, trocar, substituir implica em mais sofrimento interior do que para outras, e, diante do sofrimento -, ela deseja ficar no seu lugar privativo, pois lá, muitas coisas que não são permitidas no social, lhes são permitidas.  
   Quero dizer que é aquele NÃO, o estabelecimento dos limites restritivos (regras e normas sociais) que introduz as relações simbólicas na criança. Faz parte da formação integral do sujeito. É o que promove a possibilidade de ele ter acesso sem intercorrências ao cognitivo (a forma de apreender as novas informações); ao afetivo (a forma como ele se relacionará com os outros) e, o desenvolvimento de uma moral introjetada (disciplina interior), que tem muito do sujeito, do seu caráter. E, isso, é a família que tem de passar.
    A Educação moderna, ao se construir como liberalismo, dissimulou a repreensão, disfarçando os controles e a disciplina, e legitimou um tipo de “não pode" diferente, dentro desse "não”, há sempre uma possibilidade de sim. Parece que o respeito as vontades dos filhos, a sua liberdade de pensamento, o medo de frustrar, entre outras coisas, criou um mesmo modelo de desempenho padronizado para todos. Logo, a individualidade se instalou nessa nova geração e, as trocas simbólicas sempre implicam em sofrimento. 
     A legitimação da criança como sujeito da lei simbólica, da linguagem, se efetiva na educação escolar através da construção da leitura e escrita formalizadas a  partir da lei da cultura. Pois a educação escolar transmite a lei simbólica e sustenta seu lugar social ao ensinar a leitura e escrita socialmente compartilhadas nos primeiros anos escolares, para que outras aprendizagens entrem de forma natural. Mas, para a criança essa travessia implica em idas e vindas, implica em conflitos do sujeito diante da lei, posições específicas diante da lei, das regras necessárias para que a cultura entre. Isso produz diferentes formas de subjetividade. Pois a lei implica em trocas simbólicas, e as trocas simbólicas implicam em perder algo, implicam em substituições, em ausência de algo para que este algo possa ser simbolizado... Enfim, é necessário uma dose de insatisfação... Condições difíceis, uma vez que a imagem, o prazer imediato, a satisfação plena, a não-frustração, o ganhar sempre....dominam as formações sociais e contaminam os princípios pedagógicos da sociedade contemporânea.

   No momento da alfabetização, Ler e Escrever são concebidos de forma rigorosa, pois, antes disso, a criança deve ter experimentado outras trocas no seu lugar particular, na família -, as trocas, as substituições, o respeito e aceitação às regras, pois, as operações estruturadas na linguagem não se “desenvolvem” naturalmente; são construções árduas e difíceis, pertinentes à vida do homem nas trocas simbólicas da vida em sociedade, portanto envolvidas na maioria das vezes, em uma dose de mal estar. 
    Na escola, cabe ao professor alfabetizador, além de alfabetizar, apresentar a lei simbólica presente na leitura e na escrita  pra que a criança esteja aberta às novas aprendizagens. 
     Quando as trocas e substituições ainda não ocorreram, a psicopedagogia entra como um terceiro na relação mãe x pai x criança para acompanhar as dificuldades do sujeito de acesso a sua cultura operando trocas simbólicas na sua travessia pelo ato educativo em seu acesso à lei simbólica, ao código simbólico transmitido na escola. Para tanto, a intervenção psicopedagógica deve sustentar-se no ato educativo e sustentá-lo como ato que socializa e subjetiviza as trocas simbólicas para a criança para que o acesso a cultura entre e, as novas aprendizagens se efetivem.  



  Maria Teixeira

www.psicopedagogamariateixeira.com.br

O Atendimento psicopedagógico

 A leitura e a escrita constitui um sistema de representação da linguagem. Quando adquirida, converte-se numa aprendizagem conceitual.     
     A escrita é uma representação gráfica da linguagem, cuja finalidade primordial é a leitura.
    Aprender a ler e escrever implica em saber operar os símbolos, imagens e idéias. Envolve a compreensão da natureza do sistema de representação da escrita e a descoberta das leis que regulam a leitura e a escrita.    Para isso, a criança precisa se apropriar dos objetos culturais   para depois conseguir reinventar o sistema de representação da linguagem escrita e, conseguir trabalhar com os conteúdos procedimentais.                    
  Algumas crianças na fase de alfabetização apresentam dificuldades para compreender os sistemas de escrita existentes que representam a sua cultura.
  O Atendimento Psicopedagógico objetiva dar assistência ao sujeito que se encontra impedido no seu processo de aprendizagem. E tem por objetivo despertá-lo para as aprendizagens, operacionalizando mudanças que ampliem a sua visão de mundo, sua auto-estima, sua auto-imagem, despertando nesse, a satisfação em adquirir novos conhecimentos e, possibilitando seu crescimento pessoal e, a o exercício consciente de sua cidadania.

Maria Teixeira
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O Objetivo do Blog

Bem Vindos ao meu Blog!

    O objetivo desse projeto é disponibilizar aqui informações sobre as dúvidas mais frequentes dos educadores. Quando digo educadores, refiro-me a pais, professores, ou seja, todos aqueles que lidam com crianças e, que acreditam que educar é muito mais do que ensinar uma disciplina ou outra.    

 Podemos tratar aqui das questões que os inquietam...trocar experiências...

  Vamos tratar da educação das crianças e jovens, de como humanizá-los.  Compartilho da ideia de que Educar é humanizar,- ensinar valores; preparar para os desafios. É acolher, respeitar, enxergar além do que se vê. 

   Sabe-se que desde cedo, o olhar e o discurso do "outro" tem muita importância e, é o que determina a estruturação psíquica do sujeito. Aquele com quem a criança se identificará será responsável pelo o que ela será, - seus valores, gostos, aptidões e, sobretudo, escolhas e desejos. O desejo esbarra  nos valores que é a família que tem de passar. 

   Como os filhos não veem com manual, são os pais que precisam ajudá-los nas descobertas; mostrar os caminhos que devem trilhar; apresentar-lhes as opções; aconselhá-los; respeitá-los; importar-se com eles. Educar para que tenham sobretudo, caráter.  

  A Educação escolar deve privilegiar a transmissão de conhecimentos científicos, pragmáticos; determinar os princípios morais e éticos, aquele que molda o caráter que foi adquirido na família e, a formação do cidadão conhecedor de seus direitos e deveres. 

 Há hoje uma grande preocupação moral com as alterações comportamentais. Essas preocupações morais atuais é fruto das grandes mudanças sociais ocorridas ao longo da história humana. Tais como, mudanças na estruturação familiar, nas relações pais e filhos, que promoveram um entendimento de condutas diferentes por parte dos indivíduos.  

   Parece que os valores morais, os vínculos familiares, afetivos se perderam. A concepção de pai e mãe também não é a mesma. Em que momento isso se perdeu?
No momento em que os pais ficaram se preocupando  demais com a questão de não ser autoritário e, deixou de estabelecer os limites restritivos (regras e normas) tão essenciais para a formação moral dos filhos. Ou será que agiram assim por medo de frustrar; Ou foi por falta de tempo de observar, de acompanhar a formação do filho? O quadro atual mostra que foi por alguns desses fatores ou pela maior parte deles... 

   A minha experiência tem me mostrado que muitos pais sentem culpa por não estarem a maior parte do tempo com os filhos, principalmente, quando são cobrados da escola pelos resultados apresentados por eles. Mas, a minha experiência também tem me mostrado que mãe demais também é prejudicial. O que importa é a qualidade do tempo quando estiverem com eles e, não a quantidade.  

  A verdade é que todos clamam por mudanças sociais, comportamentais, pois, o mundo está em desordem. Mas, não é amplo demais? Mudanças Sociais, cabe muito dentro dela. Não seria melhor iniciarmos mudanças individuais?  Vamos começar por rever e repensar as nossas dinâmicas familiares; a escola, rever as práticas pedagógicas e, assim,  estaremos visando condutas mais adequadas e regulares em cada meio que nos compete. Talvez assim, estaremos caminhando para um mudança social mais efetiva. 

  A nossa discussão e contatos vão caminhar pela questão da formação humana: o cognitivo, o afetivo, a moral e, as práticas profissionais. 

  Disponibilizarei aqui alguns textos com provocações e algumas inquietações que vão requerer reflexões por parte dos leitores...  

    As reflexões sugerem uma perspectiva psicanalítica por acreditar no inconsciente e, entender que há marcas subjetivas em cada sujeito que me encaminham a avaliar e buscar entender a formação psíquica de cada sujeito que a mim é confiado no momento de uma intervenção psicopedagógica. 
      



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