O Objetivo do Blog

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

A Psicopedagogia e a sua prática

      Cabe aqui informar que diferentemente do que muitos pensam a Psicopedagogia não é uma área nova. Os primeiros centros voltados para atendimentos psicopedagógicos propriamente ditos surgem na França em 1946.  A psicopedagogia recebe as influências desses primeiros movimentos franceses que estavam já marcados por uma diversidade na compreensão dos sintomas e dos tratamentos. Esses conhecimentos são levados à Argentina e, no Brasil em 1954, organiza-se o primeiro curso de orientação psicopedagógica, patrocinado pelo Centro de Pesquisas e Orientação  Educacional, da Secretaria de Educação de Porto Alegre.
   Quanto a sua atuação há variedades de práticas, conceitos, pesquisas e condutas de trabalho.  No entanto, há um consenso quanto ao fato de que a psicopedagogia deve-se ocupar-se em estudar a aprendizagem humana e, todas as manifestações no processo de aprendizagem da criança. A  psicopedagoga(o) não é professora particular, nem mesmo uma alfabetizadora. Muitas vezes, a intervenção ocorre por meio de parcerias com profissionais da Psicologia, Fonoaudiologia, Psicanálise e da Pedagogia (professor).
      A psicopedagoga deve ocupar-se em entender como funciona  a aprendizagem para a criança e,  intervir quando algo atrapalha o seu processo de aprendizagem, seja na família, seja na escola. E temos duas ferramentas fundamentais que são fundamentais: a "escuta" e a "observação.
    É por meio do trabalho cooperativo, - família, escola, criança, que espera-se adquirir um conhecimento total da criança, do seu meio, do seu desejo, e é o que se torna possível a compreensão de cada caso para início das intervenções e/ou encaminhamentos, quando necessários.
Ao iniciar um diagnóstico, deve-se desconsiderar os "rótulos" ou diagnósticos irresponsáveis (sem comprovação científica), que muitas vezes chegam com a criança, como: hiperatividade, déficit de atenção, dislexia, disfunção cerebral leve, etc. As especulações ainda ocorrem porque a escola percebe o "problema", não sabe lidar e, encaminha a criança para profissionais da área médica ou outras instituições (Psicólogos, neuropsiquiatrias, etc).  A consequência desse tipo de prática é geralmente desastrosa, e serve para a perpetuação de rótulos ou marcas que podem inviabilizar a aprendizagem da criança por desistência dos envolvidos –  a criança, a família, escola.  Muitas vezes, a primeira intervenção é tirá-la(a) desse lugar de desacreditado.
 Sobre os chamados "problemas de aprendizagem', compartilho uma compreensão a partir da psicanálise de que a criança apresenta "sintomas" e não "um problema". O “sintoma” toma forma no sujeito, afetando a dinâmica de articulação entre os níveis de sua inteligência, do seu desejo, do seu organismo e do seu corpo como um todo. Por isso, não há uma técnica de atendimento e tudo acontece na verdade de cada caso.
Atuo sempre com o entendimento do verdadeiro papel da(o) psicopedagoga(o),-  atuar com a certeza de que cada caso que a nós é confiado tem  a sua verdade e, uma conduta específica de atendimento.

                                                                                               Maria Teixeira
                                  Psicopedagoga e especialista em linguagem pela PUC/SP
                               m.teixeira@uol.com.br