O Objetivo do Blog

terça-feira, 2 de julho de 2013

Palestras Educacionais aos pais e professores

PALESTRA PARA O DIA DOS PAIS

Agende a palestra para a sua escola com MARIA TEIXEIRA, pedagoga, psicopedagoga e especialista em linguagem com mais de 30 anos de experiência na área de Educação.  
 “ A Educação de crianças tem se mostrado um verdadeiro desafio nos dias de hoje. Algumas crianças se apresentam rebeldes e cheias de vontades, outras, apáticas, por vezes, agressivas e isoladas”. Maria Teixeira.

. Sugestão dos tópicos:
. Abertura - Direção, coordenadores;
Dinâmica de abertura - Maria Teixeira;
. Palestra  -  " Pai também é mãe”
. Atividade: “Se identificando como pai”;
. Apresentação das crianças  - (Escola, se tiver)
. Dinâmica de Fechamento - Maria Teixeira;
. Feedback (formulários); 
. Encerramento: Bate papo com Maria Teixeira/ venda e autógrafo dos livros da autora;
. Coffee break  
. Local: a definir (Escola ou Espaço sugerido pela palestrante)
Faça seu contato!  
m.teixeira@uol.com.br 

. Sugestões de temas para o decorrer do ano letivo:
  • “Qual é o meu estilo pessoal?” Público: pais e filhos, alunos e professores e equipe pedagógica.
  • “Estabelecendo os limites” – Público: pais e professores.
  • “Pais desnecessários”
  • “A culpa não é minha!” – Público: pais e professores.
  •  “O meu filho cresceu!” Público: pais, professores...
  • “Ser pai ou amigo?!” –  Público: pais, professores...
  • “Ensinar sem rótulos” – Público: pais e professores
  • “A insatisfação necessária para a aprendizagem– Público: pais, professores, equipe pedagógica.
  • “Eu sou flexível?” – pais, professores e equipe pedagógica.
O que Maria Teixeira tem a dizer aos educadores (pais e professores)?  Muito. A começar por ajudá-los na compreensão dos seus estilos para melhorar as suas relações interpessoais; reconhecer os sintomas mais comuns apresentados pelas crianças no momento da alfabetização  e, na identificação de sua personalidade;  tratar do papel dos pais e escola no desenvolvimento integral da criança: cognitivo, afetivo, moral  e, motor. 

  Suas publicações:
. Artigos no Recanto das Letras – www.recantodasletras.com.br/autor
. Livro - Habilidades de Relacionamento Interpessoal (2ª. Edição)
. Livro - Limites – Como lidar com os pequenos – (1ª. Edição)

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m.teixeira@uol.com.br

segunda-feira, 24 de junho de 2013

O Atendimento Psicopedagógico e o seu Papel no Processo de Inclusão Escolar

       A inclusão escolar da criança com necessidades especiais ainda é uma barreira a ser vencida na escola. Inúmeros são os desafios e especulações a respeito da inclusão escolar de crianças com deficiências, por existirem complexas barreiras na organização educacional em nosso país e, por seguirem procedimentos equivocados e ineficientes.   
Podemos entender como inclusão o acesso, ingresso e permanência de crianças com necessidades especiais em escolas regulares independente de serem públicas ou privadas. Além disso, têm incluído nessa condição crianças que não respondem às aprendizagens ou aos conteúdos programáticos. Dificuldade de aprendizagem  requer avaliação especializada, geralmente há necessidade do diagnóstico  de uma psicopedagoga e fonoaudióloga para buscarem intervenções adequadas. Porém, na maioria das vezes essa criança recebe uma educação diferenciada por parte da família e da escola, o que pode  desencadear problemas emocionais em diversos níveis por permanecerem por longo período no lugar de quem "não pode". A condição de desacreditado pode gerar sérios comprometimentos cognitivos e emocionais desencadeando limitações motoras e dificuldade de socialização.
   Parece que não há ainda um lugar na escola regular nem para a criança com necessidades especiais, nem mesmo para a que se apresenta com dificuldades no seu processo de aprendizagem.  Nesse caso, a escola pode pensar na inclusão do psicopedagogo no seu time para intermediar as questões que fogem do pedagógico. Nesse caso, o papel da psicopedagoga na escola seria facilitar o processo de inclusão do aluno com necessidades especiais e, acompanhar aqueles cujas questões são apenas da ordem da linguagem. A dificuldade está em querer colocar todas as crianças no mesmo “pacote”. Esse procedimento é ineficaz na medida em que engessa o trabalho da escola e encharca o sistema de saúde com crianças sendo tratadas como “especiais” quando muitas vezes a questão é somente da ordem da linguagem.  
   O atendimento psicopedagógico entra como suporte transitório e circunstancial, por meio de interações com jogos, mobilização com atividades corporais, gráficas e, lúdicas são ferramentas que podem ajudar a vencer os desafios de forma lenta e gradual. Isso porque o trabalho de sensibilização e criatividade estimulam a autoestima, o autoconhecimento, a superação de desafios, em busca do saber próprio tanto da criança que se apresenta com boa cognição como aquelas que necessitam de mais estímulos para desenvolver determinadas habilidades. Esse deve ser um processo lento, individual e gradativo. E é dessa forma que a criança vai entrar no grupo, - de forma lenta e gradual. Aos poucos ela sentirá parte do grupo e o grupo a acolherá como parte dele. Uma criança que se destaca  seja por apresentar necessidades especiais ou dificuldades de aprendizagem não pode cair simplesmente de “paraquedas”  dentro de  uma sala de aula.  Há necessidade de uma intervenção psicopedagógica e, na maioria das vezes,  também fonoaudiológica. 
   A intervenção psicopedagógica deve ser voltada às possibilidades do sujeito tornar-se conhecedor de si e de suas possibilidades e, ao mesmo tempo para a psicopedagoga conhecer a relação que este estabelece com o conhecimento, com o “outro”, bem como, a forma que articula o seu corpo, organismo, desejo  e, sua inteligência, buscando assim, a confiança em si e  espaço para as novas aprendizagens.  As estratégias psicopedagógicas podem ser organizadas previamente a partir da necessidade real de cada criança, tais como: adaptações motoras, atividades adequadas à modalidade de aprendizagem correspondente, vivências sensório-motoras, construções referentes ao campo conceitual e, orientações à família e a escola. Esta mediação viabiliza a interação e vínculo entre a psicopedagoga e a criança,   a professora e a criança, a criança e a família  e,  visará  reorganizar e refazer o saber da criança rumo à sua autonomia, socialização e realização pessoal dentro de suas reais necessidades.
  
                                                                             Maria Teixeira
                                                                             www.psicopedagogamariateixeira.com.br
* Segue anexo os links das minhas publicações mais recentes
https://plus.google.com/+MariaTeixeirapsicopedagogaSPaulo/posts/VAQUu8K2cPg

https://plus.google.com/+MariaTeixeirapsicopedagogaSPaulo/posts/CiEQhyeAEx7

segunda-feira, 3 de junho de 2013

A Psicopedagogia e a Psicanálise na Compreensão do Sintoma na Aprendizagem

    olaDesde Freud, os psicanalistas têm feito esforços de interlocução com outros campos de saber. Em relação à educação, a psicanálise tem sido convocada a explicar e tratar os problemas que surgem no ambiente escolar. Muitos psicanalistas têm enfrentado esse desafio e suas incursões têm produzido resultados. A psicanálise foi incorporada por outro campo de saber ligado à educação, a psicopedagogia, e tem sido utilizada pelos profissionais dessa área como referência, às vezes central, para o reconhecimento dos sintomas e manifestações na aprendizagem.

    Cabe aqui informar que diferentemente do que muitos pensam a Psicopedagogia não é uma área nova. Os primeiros centros voltados para atendimentos psicopedagógicos propriamente ditos surgem na França em 1946.  A psicopedagogia recebe as influências desses primeiros movimentos franceses que estavam já marcados por uma diversidade na compreensão dos sintomas e dos tratamentos. Esses conhecimentos são levados à Argentina e, no Brasil em 1954, organiza-se o primeiro curso de orientação psicopedagógica, patrocinado pelo Centro de Pesquisas e Orientação  Educacional, da Secretaria de Educação de Porto Alegre. Há variedades de práticas, conceitos e linhas de pesquisa de tratamento. No entanto, há um consenso quanto ao fato de que a psicopedagogia deve-se ocupar-se em estudar a aprendizagem humana e, todas as manifestações no processo de aprendizagem da criança através da cooperação da Psicologia, Fonoaudiologia, Psicanálise e da Pedagogia. Ocupar-se significa entender como funciona e intervir quando algo atrapalha o processo de aprendizagem. Através dessa cooperação, espera-se adquirir um conhecimento total da criança, do seu meio, do seu desejo o que se torna possível a compreensão de cada caso para início das intervenções e, encaminhamentos, quando necessários. 

   É muito comum psicólogo, médicos, neurologistas, psiquiatras e psicanalistas receberem pacientes porque a escola lhes endereça um encaminhamento, - "um pedido de tratamento". Nessas situações é possível observar a seguinte afirmação: "[...] uma alta porcentagem de consultas é motivada, ao que parece, por “distúrbios escolares”" (MANNONI, 2004, p. 39). Se isso era verdade na França, anos atrás, também no Brasil encontramos afirmações semelhantes: "diariamente, centenas de crianças e adolescentes são encaminhados às clínicas psicológicas por apresentarem os chamados “problemas de aprendizagem' ou “problemas de comportamento", com a hipótese de Hiperativdiade ou TDAH (SOUZA, 2005, p. 82). Os trabalhos de Lopez, (1983), Silvares (2002), Romero e Capitão (2003), Campezatto e Nunes (2007), Louzada (2003), Boarini e Borges (1998) apresentam essa mesma realidade em diversos contextos no Brasil. É percebido as dificuldades comuns a alguns alunos como "um problema", e, a escola não sabe exatamente o que fazer e esses profissionais são convidados a dizer e fazer algo.

  Os chamados  "Problemas, Distúrbios, transtornos de aprendizagem, têm sido os nomes encontrados por profissionais da área  médica para tentar falar do que não corresponde ao esperado no desenvolvimento da criança (levando muitas vezes em consideração, a sua idade cronológica). Neste sentido cada campo de saber define a dificuldade de aprendizagem de um modo particular. Assim, encontramos definições do DSM IV (Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais) e CID 10 (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde) de transtorno de aprendizagem que indicam distúrbios na criança (e família) que manifesta os sintomas. Também encontramos as criticas a esse tipo de diagnóstico, explicitando o caráter socialmente construído do que é chamado de "distúrbio"" ou "transtorno de aprendizagem" por profissionais da área de saúde mental. A conseqüência desse tipo de prática é a perpetuação de rótulos ou marcas que podem inviabilizar a aprendizagem, por desistência dos envolvidos – criança, família, escola e sociedade.

   As manifestações na linguagem devem ser diagnosticadas por profissionais da área de linguagem – pedagoga(o), psicopedagoga(o), fonoaudióloga(o) ou psicanalistas. As descobertas dos profissionais da área médica são, “desajustamento”, “distúrbio emocional”, “hiperatividade”, “dislexia”, “apatia”, “disfunção cerebral mínima”, “agressividade”, “deficiência mental leve”, tantos outros rótulos que não resolvem as questões, e ainda,  produzem na criança comportamentos egocêntricos, onipotentes, indisciplinas, tristeza profunda e, a permanência no lugar de um sujeito que “não sabe” e “não pode aprender”. Essa diretriz pode ser responsável também pelo alto nível de evasão escolar na passgem do 5o. para o 6o. ano . O engano no diagnóstico pode ser um atestado de “incompetência” e irresponsabilidade. O mais danoso é que há uma grande demanda de crianças em tratamento medicamentoso em muitas Instituições, inclusive pública, quando as manifestações de hiperativide são respostas ao não estar inserido no grupo, ou seja, a criança diferente das outras, não está acompanhando o que está sendo transmitido. 
    No Brasil, as Escolas Públicas estão carentes desse profissional -, o(a) psicopedagoga(o),  que seria uma “solução nova” dos velhos  e chamados de "Problemas de aprendizagem" ou Fracasso Escolar.

    Sobre os problemas de aprendizagem, compartilho uma compreensão a partir da psicanálise. Nos meus atendimentos os chamados "problemas de aprendizagem" têm o mesmo estatuto de um sintoma analítico. Aponto três formas de apresentação da manifestação individual do "sintoma" apresentado pela criança ou jovem-, inibição cognitiva ou falta de conteúdo, dificuldades de linguagem e, na maioria dos casos não há desejo do próprio aluno por questões sociais, familiares, e,  às vezes, inconscientes. 
    Acredito que o “sintoma” toma forma no sujeito, afetando a dinâmica de articulação entre os níveis de sua inteligência, do seu desejo, do seu organismo e do corpo como um todo, levando-o a um "aprisionamento da inteligência"(termo de Alícia Fernandes) e, da corporeidade por parte da estrutura simbólica inconsciente. 
    Recorro a Lacan e ao próprio Freud para sustentar que a constituição do “sujeito”, - sua história de vida têm implicações na forma como ele aprende e, que não temos o domínio sobre o desejo do outro, mesmo que esse outro seja nosso filho, aluno. 
   Os chamados "problemas de aprendizagem" apresentados pelas crianças são tudo aquilo que perturba a normalidade do processo educativo, seriam as condições que não permitem ao sujeito o uso de suas potencialidades como desejado no meio escolar.  Os chamados "problemas escolares" estão ligados às questões sociais que permeiam a escolarização, tais como, desconhecimento dos professores sobre o que há de efetivo sobre as questões que envolvem o ensino e a aprendizagem; precariedade das escolas; currículos engessados; falta de atrativos e, a condição ambiental.
  Algumas manifestações são causadas por fatores orgânicos (dislalia - trocas de letras) e psicógenos  (problemas subjetivos). Outros fatores, e talvez os mais importantes sejam: a dificuldade de entendimento da população leiga sobre o que os meios de comunicação veiculam; o uso exagerado de rótulos infundados; o uso exagerado da tecnologia por crianças; a falta de informação e orientação no  meio privativo da criança; falta de organização e disciplina da família; falta de tempo da família para cuidar, observar os filhos,  e, na maioria, as condições precárias em que alguns vivem.  Muitas vezes, o aluno não se sente parte do contexto escolar -, a linguagem, o discurso escolar, as regras, a ordem e tudo que o cerca não lhes são familiares e, isso dificulta o acesso à cultura. 

                                   
Maria Teixeira
Psicopedagoga e, especialista em linguagem pela PUC/SP

m.teixeira@uol.com.br
www.psicopedagogamariateixeira.com.br

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quinta-feira, 30 de maio de 2013

Psicopedagogia - O que é?

   A psicopedagogia é da área de conhecimento da linguagem que se dedica exclusivamente ao estudo do processo de ensino-aprendizagem, - como o sujeito aprende ou porque não aprende.  
    A psicopedagogia vem se definindo como intervenção no campo da aprendizagem, tratando das condições de aquisição e produção do conhecimento por parte do sujeito, e das condições de transmissão por parte dos professores. 
  A intervenção psicopedagógica diz respeito à relação ensino-aprendizagem que ocorre na relação professor-aluno, mediada pela transmissão de conhecimentos historicamente produzidos e socialmente reconhecidos. É, portanto, uma intervenção educacional, e mais que isso, a forma através da qual a educação se realiza. O mais provocativo na intervenção psicopedagógica tem sido o que se convencionou chamar de “problemas de aprendizagem”. Quanto a isto, a intervenção psicopedagógica se encontra imersa numa gama de questões importantes de serem tratadas, pois, elas expressam a forma como a educação vem ocorrendo, o lugar que ocupa no discurso social, e como se produz enquanto discurso social. 

. Em que condições se dará a intervenção psicopedagógica?
   Quando a Escola, e a família identificarem manifestações no processo de aprendizagem da criança. As queixas são de "Dificuldade de Aprendizagem". Os sintomas se apresentam como: comportamento irregular, desorganização, mau humor, agressividade, desinteresse, etc...  No momento da alfabetização o "olhar" e "escuta" da professora é fundamental!

.Como identificar a dificuldade e encaminhar para uma avaliação de um especialista? 
Os problemas mais comuns no processo de aprendizagem de Leitura e Escrita
   . Se ao pronunciar as palavras a criança não posiciona a língua corretamente; (fonoaudióloga(o)
    . Faz trocas sistemáticas na leitura e escrita; (Psicopedagoga (o)
    . Aproxima muito o texto;  (oftalmologista)
   .  Demora para copiar, realizar tarefas; (psicopedagoga(o)
   . Demora para responder aos comandos;  (psicopedagoga(o)
   . Fala infantilizada; (psicopedagoga(o) ou fonoaudióloga(o))
   . Comportamento irregular; (psicopedagoga (o)
   . Parece não apreender a informação;   (psicopedagoga (o)
   . Não acompanha o grupo;   (psicopedagoga(o)
   . Agressividade;   (psicopedagoga(o)
   . Resistente às regras e normas (Psicopedagoga(o)
* ATENÇÃO: Essas questões são da área da linguagem: Psicopedagoga(o) ou Fonoaudióloga(o) e, não da área médica!  
DICA: O "olhar" e "escuta" da professora alfabetizadora é fundamental, pois se a criança permanece por um longo período neste lugar,  o seu rendimento escolar será insatisfatório e haverá consequências de outra ordem, como, baixa auto-estima, agressividade, tristeza profunda, etc...o que leva a escola e a família, indevidamente, encaminhá-la(o) para psicólogos, neuropsicólogos...

* As questões da ordem da linguagem (educacionais) devem ser avaliadas pelos profissionais da área da linguagem...


  O processo de Aprendizagem e as queixas mais freqüentes....
Algumas crianças e jovens, em certos momentos de suas vidas, sofrem muito na Escola. Outras,  já no primeiro dia.  Há os que iniciam bem a vida escolar, mas, depois de algum tempo passam a apresentar  manisfestações no seu processo de aprendizagem. Então, a Escola passa a ser vista como a causadora da  sua infelicidade e, passa a detestá-la. Nesses casos, precisam do "olhar atento" e, uma "escuta apurada" dos professores alfabetizadores, bem como, dos pais ou responsável. Neste sentido, a compreensão e atenção dos pais e da professora são fundamentais para identificar as dificuldades mais frequentes no processo de aprendizagem de seu filho(a), aluno(a).  
 Se  um sujeito está  com  dificuldades  no seu processo de aprendizagem, certamente tem um bom motivo para isso!.  As vezes o que vemos é apenas o “sintoma”.  Muitas vezes, a  professora e a família não sabem nomear essa insatisfação  e nem mesmo, identificar as causas dos sintomas que se manifestam na aprendizagem e, no comportamento de uma criança, por isso, faz-se necessário uma avaliação da(o) psicopedagoga(o) porque essas manifestações exigem a intervenção de um especialistas da área da linguagem. Há casos em que a(o) psicopedagoga(o) e a (o)  fonoaudióloga(o) atuam juntos.   
  A (o) Psicopedagoga (o) atua com a certeza de que há o sujeito epistêmico (aquele que apreende a informação) e o desejante. Entre outras coisas, escutar o que a criança tem a dizer sobre o seu desejo é o que nos leva a entender os sintomas apresentados na sua aprendizagem ou comportamento. Pois,  é o encontro entre o que foi ensinado ou o que se quer ensinar e a subjetividade de cada um que torna possível o pensamento renovado, a criação, a elaboração, a aquisição de novos conhecimentos e, a habilidade nas relações interpessoais.
  O Atendimento Psicopedagógico objetiva dar assistência ao sujeito que se encontra impedido no seu processo de aprendizagem. E tem por objetivo despertá-lo para as aprendizagens, operacionalizando mudanças que ampliem a sua visão de mundo, sua auto-estima, sua auto-imagem, despertando nesse, a satisfação em adquirir novos conhecimentos e, possibilitando seu crescimento pessoal e, o exercício consciente de sua cidadania.

Maria Teixeira

www.psicopedagogamariateixeira.com.br               

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A criança e a compreensão das possibilidades de construção do novo.

         Ao examinar a trajetória pela linguagem que a criança faz ao longo da infância, muito se ganha em relação à compreensão das possibilidades de construção do novo que um adulto pode vir a experimentar através de seus esforços sistemáticos. Em especial, observando a subversão da linguagem que as crianças fazem no frescor de sua enunciação que se produz de acordo com a lógica daquele para quem o sistema lingüístico não está ainda plenamente constituído. Podemos compreender que as palavras são velhas apenas na medida em que nós, os falantes adultos supõem que o signo lingüístico não se decompõe.
    Ao contrário do que acontece com o adulto, as crianças pequenas mantêm uma relação bastante diferenciada com os signos (palavras), pois, geralmente desmontam-nos para criar outros significantes, no que se refere à criação do novo, pois, ela não é prisioneira como o adulto dos significados que, vão se cristalizando ao longo de sua história. 
    Posso citar para evidenciar o exemplo, o jogo de compor e decompor. Nesse tipo de jogo os signos lingüísticos costumam gerar muito prazer àquelas crianças cujas idades estão compreendidas mais ou menos entre 04 e 10 anos, fato este que se torna visível, observando, por exemplo, as adivinhas que não cansam de repetir e, com as quais costumam se divertir entre si. Dentre um enorme conjunto deste tipo de brincadeira que circula entre elas, destaco uma que, por envolver uma complexa operação baseada na decomposição de um significante isolado de seu significado mais habitual, por exemplo, o adulto pode perguntar para a criança:
Qual é o contrário de oitenta? 
Resposta: - É tchau, desiste!

ou ainda,  na adivinhação, 

- Qual é o cavalo que mais gosta de tomar banho? 
Resposta:  - O cavalo-marinho

    A facilidade que os pequenos têm para memorizar e fazer circular este tipo especial de enigma aponta para o fato de que, confrontadas com cada signo novo (palavra), as crianças têm condições de perceber que, ao se tratar de linguagem, há muito mais do que querem que ela entenda. Como, para elas, os sentidos compartilhados numa dada comunidade lingüística ainda não são cristalizados, têm maior facilidade para depreender aquilo que Foucault (1989) chama de "o gramatical puro", podendo, portanto, deixar com que as palavras atravessem-nas de forma diferenciada. Esta permeabilidade dos pequenos à mobilidade da linguagem é o que faz com que, em sua boca, palavras gastas pelo adulto, possam comparecer de modo, no mínimo, bem mais livre, dando-lhe novo significado.  Por este motivo, alguns autores defendem que a criança reinventa a sua linguagem e supera a ingenuidade do adulto tirando proveito de sua própria ignorância quando esse não entende essa versatilidade da criança em formação.   
     Emília Ferrero, psicóloga e pesquisadora argentina, nos mostra que a criança em fase de alfabetização elabora uma série de hipóteses trabalhadas através da construção de princípios organizadores, resultados não só de vivências externas, mas, também por um processo interno. Mostra também como a criança assimila as informações disponíveis e como interpreta textos escritos antes de compreender a relação entre as letras e os sons da linguagem - na obra – “Alfabetização em Processo”.   
    Neste sentido, as crianças em formação criam seus próprios significados a cada léxico novo que lhe é apresentado. Tudo para elas tem um significado diferente, de um jeito diferente de se ver. E, essa forma é “desconexa” ao mundo do adulto, ou seja, não tem nada a ver com o modo como o adulto entende.  
     A lógica da criança é diferente da do adulto. Ela tem outra maneira de entender o mundo, outra maneira de habitar a realidade. Mas, a criança pode nos revelar muitas coisas que não conseguimos ver, simplesmente, porque elas não escolhem as palavras como os adultos e, não pensa no seu significado da mesma forma que o adulto.
    Nós adultos somos complacentes quando falamos com as crianças devia ser o contrário. Apesar de não conseguirmos adentrar nesse mundo particular dela, só conseguiremos penetrar de forma, ainda, rudimentar, se nos abaixarmos e ficarmos na altura delas. Estar à altura da criança  é se inclinar para olhar nos seus olhos, ou seja, ficar cara a cara com elas;  escutar suas dúvidas, entender suas brincadeiras, seus medos e seus desejos. 

Maria Teixeira
www.psicopedagogamariateixeira.com.br

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Qual é a dificuldade dos alunos em ter o hábito de ler?

     O processo de ensino e aprendizagem da leitura é sem dúvida, muito instigante e desafiador, tanto para o aluno como para o professor.
Adquirir a habilidade de ler significa, sobretudo, a condição de compreender um mundo que vai se mostrando cada vez maior e mais surpreendente. São nessas descobertas que alguns alunos apresentam mais dificuldades do que os outros.
Ao longo de minha carreira, escuto queixas de pais, professores da falta de  interesse das crianças por leituras. E, há necessidade da leitura no processo de ensino e aprendizagem.
A maioria dos alunos ainda não têm consciência da importância, da necessidade da leitura em seu processo de aprendizagem, isto é, na maioria das vezes lêem por obrigação ou somente o que lhes é determinado, sem dar à leitura seu valor real, sem perceber a necessidade de ler; ler para buscar informações, conhecimentos, para enriquecer seu vocabulário, para visualizar palavras e perceber sua ortografia…
Talvez, esse desconhecimento sobre a importância e a necessidade da leitura torne-se uma barreira no processo de desenvolvimento do aluno, uma vez que ele não a vê como algo prazeroso, não se sente motivado a ler diariamente e espontaneamente, deixando para trás chances de vivenciar ricas experiências de enriquecimento.
   O fato de não gostar de ler pode estar atrelado a falta de acesso às bibliotecas; incentivo familiar, escolar. Mas, não é só o ambiente que influencia, pois isso tem se tornado comum tanto em escolas públicas, como nas particulares, onde há uma biblioteca vasta, acesso a informática, um ambiente alfabetizador e estimulador muito mais moderno, e o problema é o mesmo, - os alunos não se interessam pela leitura.
    A leitura é necessária para a construção da cidadania, para a formação de homens livres e aptos a participar da grande obra que é a humanidade. A leitura pode nos conduzir por tempo, lugares e acontecimentos que não são os nossos. As crianças que não têm o hábito de ler, ainda não fizeram essa descoberta.
O domínio instrumental da leitura é necessário para garantir ao aluno autonomia no contato com o texto como fonte de lazer e enriquecimento.
Qual é a necessidade da leitura no ensino – aprendizagem? Por que os alunos não lêem espontaneamente? Qual é a dificuldade dos alunos em ter o hábito de ler? Como fazê-los compreender a leitura como meio de formação e informação?
A partir destes questionamentos, proponho uma discussão dos educadores sobre a importância da leitura no cotidiano de seus alunos.
   Quero lançar um olhar especial aos educadores da Escola Pública. Há uma constatação diante dos inúmeros atendimentos psicopedagógicos por mim realizados em algumas dessas escolas que a prática cotidiana tem sido ineficiente, tendo em vista o grande índice de alunos nas séries iniciais, não apresentarem conhecimentos mínimos necessários para a sua aprovação no Ensino Fundamental.
Professores alfabetizadores, esse é o seu papel.  Formar leitores faz o processo de emancipação de um país, e o ato da leitura e da escrita conduz a um processo de aprender, de conhecer, de apreender novos significados que ajuda os educandos a viverem com mais plenitude. Um dos primeiros passos nesse sentido é a oferta de uma educação que esteja próxima à realidade de cada aluno, que suscite sugestões e ações significativas para a sua vida.
    Importante se faz a construção de relações de confiança entre professor e aluno, pois são aspectos que se constituem num estimulo para que o aluno possa se perceber como cidadão e, como ser social e histórico.
 O professor alfabetizador precisa reconhecer e valorizar a diversidade cultural dos alunos, superar discriminações, trabalhar a auto-estima consciente de que poderá estar revertendo um dos mais fortes mecanismos de exclusão social, a marginalização pela negação do direito ao domínio da cultura escrita, cumprindo assim uma tarefa essencial para a promoção da cidadania.
   Toda instituição escolar tem características que lhe são peculiares, e que influenciam o comportamento de seus membros. Essa influência, tanto pode ser para a dominação como para a libertação, dependendo do nível de consciência despertado pelo processo vivido.
Tendo essa visão sobre a educação, busco compreender: Quais as implicações da não aquisição do processo de aprendizagem da leitura e, muitas vezes, da escrita nas séries iniciais?
   Diante dessa constatação, busco nos meus atendimentos identificar aspectos subjacentes à prática que são apontados como facilitadores ou não do crescimento do aluno em relação a leitura e a escrita.
     Em tempos modernos no qual a TV, o computador e a Internet são peças chaves da sociedade, a leitura não perde seu valor como necessidade social. O grande desafio da escola é mostrar a sua importância, considerando que por falta de conscientização sobre o hábito da leitura, cada vez mais, os alunos apresentam sérios problemas na organização do pensamento e da escrita. Falta-lhes o senso crítico diante da realidade e condições de fazerem escolhas pessoais para o seu futuro, o de sua comunidade e de seu país. Pois educar hoje, tem outra conotação, a de formar seres críticos e conscientes de sua função social.
   A atividade fundamental desenvolvida pela escola para a formação dos alunos é a leitura. Mas, na realidade ela não vem cumprindo bem este papel, confunde o processo de ler em um simples reconhecimento de palavras em páginas impressas, ou seja, vem trabalhando a leitura como um simples ato de decifrar códigos. Existe uma nítida separação entre os mecanismos da leitura e o pensamento, reduzindo a leitura a um ato mecânico de decifrar letras.
    A escola não tem formado leitores que levam adiante pela vida esse interesse quando muito, forma aqueles que buscam em leituras exploratórias apenas informações necessárias a finalidades imediatas. O desinteresse pela leitura tem origem na pré-escola e deve-se, em grande parte, ao tipo de literatura que é oferecido às crianças, não considerando o interesse e a faixa etária, tornando assim o primeiro contato com o livro “pouco prazeroso”.
     É comum uma criança ler um texto, pode-se dizer que até de maneira correta (pronúncia, pontuação…), mas, se for solicitada para contar ou falar sobre o texto, não sabe. Na verdade, essa criança não leu, pois ler não é decifrar, como um jogo de adivinhações o sentido de um texto.
    A falta de interesse pela leitura prova que a leitura significativa não foi ativada na infância. No momento da aprendizagem, o aluno não considerou que isso fosse valer para sua vida futura.
    A leitura é a realização do objetivo da escrita. Quem escreve, escreve para ser lido. Às vezes, ler é um processo de descoberta, como a busca do saber científico. Outras vezes requer um trabalho paciente, perseverante, desafiador, semelhante à pesquisa laboratorial.
    A leitura pode também ser superficial, sem grandes pretensões, uma atividade lúdica; ser uma atividade profundamente individual. Ao contrário da escrita, que é uma atividade de exteriorizar o pensamento, a leitura é uma atividade de assimilação de conhecimento, de interiorização, de reflexão. Por isso, a escola que não lê muito para os seus alunos e não lhes dão a oportunidade de ler, está fadada ao insucesso e não sabe aproveitar o melhor que tem para oferecer aos seus alunos.
   Observo em estudos sobre a formação de leitores no ambiente escolar, uma quantidade significativa de professores de Ensino Básico que se mostram insatisfeitos em razão do tipo de denvolvimento dos alunos com a leitura, sentindo-se, muitas vezes, sem subsídios para refletir sobre suas práticas cotidianas e, a partir daí, modificá-las.
Em primeiro lugar, constatam-se condições de desconhecimento, por parte de professores e bibliotecários, quanto à variedade e à qualidade textual de obras de literatura com as quais os alunos poderiam se envolver. Em segundo lugar, revelam-se atos de leitura decorrentes talvez dessas primeiras condições: um trabalho muitas vezes mecânico, controlador, punitivo e, por conseguinte, pouco agradável e pouco frutífero com o texto literário na escola. Estas atitudes do professor, seguida da falta de vontade dos alunos dificulta o desenvolvimento do hábito de ler.
   Ler não é simplesmente para extrair informações da escrita, decodificando-a, letra por letra, palavra por palavra, e sim para compreender o sentido da escrita.
Dessa forma, é fundamental compreender as ações que se processam na mente dos alunos quando estes estão tentando decifrar os símbolos gráficos e saber quais estratégias utilizar para auxiliá-lo no ato de ler.
   Somente o professor é capaz de oferecer alternativas de ação no sentido de uma transformação, o que possibilita a escola e aos alunos uma melhoria nas condições de aprendizagem e, o desenvolvimento do prazer pela leitura.
                                                               Maria Teixeira
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A Constituição do Sujeito

 No reino animal, o ser humano constitui a espécie que apresenta o maior grau de complexidade na escala evolutiva. Ele ocupa uma posição especial na natureza, tem sua inteligência e sua capacidade de raciocínio adquirida, faz uso da linguagem articulada e é o que nasce em maior estado de desamparo e dependência. Por causa dessa dependência, o bebê humano precisará, desde o primeiro momento de vida, de cuidado e proteção. Esses virão pela relação do bebê com um adulto, mais especificamente com a mãe, com quem será estabelecida uma importante relação afetiva. A alimentação e os cuidados com o corpo do bebê serão os elementos responsáveis pelas suas primeiras experiências de prazer e desprazer (Freud).
   Aconchegado no colo materno e levado ao seio para se alimentar, mais que saciada a fome, ele experimentará um momento pleno de satisfação que, a partir de então, tentará repetir inúmeras vezes, contudo sem jamais consegui-lo. Aquele primeiro momento único é irremediavelmente perdido é denominado por Freud de primeira experiência de satisfação.
   A privação, oriunda dessa experiência (deixar de mamar), marca-o então com falta, a incompletude e abre as portas do desejo humano. Ele tentará reviver essa primeira vivência de satisfação por meio de outros objetos de prazer. Dessa forma instaura-se a matriz do psiquismo humano, cuja evolução e desenvolvimento serão sempre marcados por percalços e vicissitudes; substituição de um objeto por outro.
    Na seqüência evolutiva do desenvolvimento psíquico da criança, alguns momentos se destacam pela importância de suas conseqüências. A capacidade de representação, adquirida com a aquisição da linguagem e do pensamento, é um desses momentos.
   A criança aprende a representar o que vê em imagens e o que ouve em palavras. A representação do que é visto é registrada em imagens; quando esses registros acontecem muito precocemente são denominados de traço mnésico, que posteriormente poderão se articular com representação de palavras.
  A possibilidade para a criança de representar psiquicamente o que vê e o que ouve lhe permitirá a conquista consecutiva da simbolização. A simbolização é a representação indireta de uma idéia, de um pensamento, de um desejo. É a aquisição dessa possibilidade que permitirá ao ser humano, entre outras coisas, lidar com a angústia por meio de representantes simbólicos que a abrandem ou dissipem. Exemplificando, se a presença materna significa amparo e proteção, sua ausência mergulha o bebê em angústia. Ele, então, inventa um representante ou substituto para sua mãe, com que lidará para aplacar sua angústia na falta dela. Winnicott, psicanalista e pediatra inglês, denomina essa primeira criação infantil de "objeto transicional". A chupeta, a ponta do dedo, a beiradinha da fronha, a dobrinha do cobertor, com as quais a criança se apega para dormir, constituem a representação simbólica da ausência da mãe.  Para que ocorra essa substituição ou troca, é feita uma passagem que implica em um deslocamento e elaboração da falta -, essa é a primeira e mais marcante frustração do sujeito.
    Adquirida essa capacidade, esses recursos sempre serão utilizados para lidar com a angústia e os conflitos psíquicos. Os sintomas neuróticos (todos temos) serão oriundos desse movimento. Nesse sentido, portanto, a neurose é uma conquista positiva, constituindo-se em uma saída na luta do conflito psíquico. O maior ou menor grau de sucesso nessas passagens será responsável pela melhor ou pior resposta do sujeito em seu comportamento e em sua relação com as pessoas e com a vida.
       O desenvolvimento psíquico e emocional do sujeito está, numa primeira etapa da vida, inteiramente vinculado ao seu desenvolvimento, físico e biológico. O corpo oferece as condições indispensáveis, por meio das necessidades básicas, para o movimento de constituição do aparelho psíquico.
    Fome, sono, sede e frio são responsáveis pelos movimentos iniciais que inauguram a primeira inter-relação que o ser humano constitui em sua vida: mãe e bebê.
    Atenta desde o início às necessidades físicas do filho cabe à mãe interpretar e socorrer os apelos infantis. Ela vai nomeando os desejos do bebê e as partes de seu corpo.
   O bebê, por sua vez, vai se descobrindo e esboçando os rudimentos da constituição de sua primeira identidade. É com intenso júbilo que, por volta dos 18 meses, ele conquista sua alteridade, se percebendo como outro, separado da sua mãe. A conquista da individuação não é tranqüila. O protótipo biológico da vida intra-uterina deixa suas marcas no recém-nascido, buscado na fantasia primordial do ser humano de um só corpo para ambos. As necessidades vitais de ambos são atendidas pelo corpo da mãe. Reeditar essa fantasia de unidade paradisíaca é criar a ilusão de completude, da não-separação.
    Cabe à mãe propiciar condições ao bebê de separar-se dela, gradativamente, constituindo-se em um outro ser, com corpo e identidade próprias.
   Nos momentos de angústia e solidão, o bebê tentará mergulhar na ilusão de unidade corporal, evitando a ameaça da separação. A mãe será responsável pela maior ou menor possibilidade de o bebê lidar com esses movimentos com menos angústia.
   Para que haja separação e individuação, o bebê precisa que a mãe mantenha com ele uma distância afetiva e tranqüilizadora, que seja ideal no sentido de nem muito perto nem muito distante. É esse espaço, que Winnicott denomina de "espaço transicional", que o bebê poderá simbolizar suas representações lidando com a angústia da ausência.
A aquisição da linguagem é também um ganho que possibilita à criança abrir mão da linguagem corporal para fazer uso de uma nova forma de comunicação. No estádio não-verbal, ainda nos primórdios da vida psíquica, o corpo é parte inseparável da constituição do psiquismo. Gradativamente, com a aquisição do pensamento, a capacidade de representação, com a linguagem e a possibilidade de simbolizar, o bebê lança mão de mecanismos de incorporação, introjeção, projeção e, finalmente, identificação. Ele consegue, então, distinguir o que é como ele e o que é diferente dele. A partir de então, psiquismo se forma e começa a se diferenciar, constituindo diferentes contextos do ser humano.
   A construção do corpo erógeno não está desvinculada da construção do corpo anatômico, uma vez que percalços em um deixam marcas no outro. Dores, doenças, distúrbios alimentares ou do sono, tropeços do corpo biológico poderão interferir nos destinos da constituição do corpo erógeno com suas fantasias subjacentes e vice-versa: angústias, pânico, inseguranças poderão levar o bebê a adoecer fisicamente. Realidade material e realidade psíquica se entrecruzam e, a partir de uma insatisfação, a realidade psíquica se forma, resultando em uma montagem simbólica e imaginária, constituída, portanto, de imagens e significantes.
  Os tropeços e obstáculos na construção do corpo provocam desvios e conseqüências posteriores. Os fenômenos psicossomáticos constituem uma parte dessas conseqüências. A renúncia à materialidade é decorrente da possibilidade de representar e simbolizar, aquisição indispensável ao desenvolvimento do psiquismo humano. A impossibilidade de descolagem da materialidade é responsável, entre outros percalços, pelo fenômeno psicossomático.
   O fenômeno psicossomático geralmente aparece  numa circunstância que mobiliza de forma excessiva as emoções do sujeito. São emoções muito fortes, como ódio, angústia, separações, perdas, que vão além da capacidade do sujeito lidar com essas situações. O adoecer é a "saída" que ele encontra como solução, assim como o sintoma neurótico é a saída encontrada pelo conflito psíquico.
     Na perspectiva psicanalítica essas manifestações psicossomáticas estão ligadas também ao psiquismo humano, real, simbólico e imaginário se articulam em sua encenação. Corpo anatômico e corpo erógeno estão aprisionados um no outro e a lesão seria o traço do real entrelaçado imaginariamente numa manifestação que poderíamos denominar de "real do corpo".
     A psicanálise tem um compromisso ético de trabalhar no sentido de desvendar os mistérios e artifícios psíquicos do fenômeno psicossomático quer no lugar particular (família) ou lugar social (escola).
                                                                                                                                                                                 Maria Teixeira
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